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A poética do improviso : prática e habilidade no repente nordestino

Document: Portugais. Online
Auteur(s)
Sautchuk, João Miguel Manzolillo
Titre
A poética do improviso : prática e habilidade no repente nordestino / João Miguel Manzolillo Sautchuk ; orientador, Wilson Trajano Filho
Publication
Brasilia: , 2009
Thèmes
Repente ; Brasil
Content
Testu osoa
Autres auteurs
Trajano Filho, Wilson ; Universidade de Brasilia
Description physique
214 or. : z.-b. argk.
Typologie
Document
Eduki mota
Thèse
Notes
Brasilgo Unibertsitateko doktorego-tesia
Bibliografia: 206-211 or.
Jabetza eskubideak: Open Access
[PT] O presente estudo aborda o repente ou cantoria, modalidade de poesia cantada e improvisada praticada na região Nordeste do Brasil, especialmente nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Seus praticantes são chamados de repentistas, cantadores ou violeiros e cantam sempre em dupla, alternando-se na composição de estrofes de acordo com parâmetros rígidos de métrica, rima e coerência temática. Há um conjunto de regras formuladas nesse sentido, mas os repentistas improvisam seus versos a partir de fundamentos práticos como o ritmo poético incorporado. O improviso coloca o repentista em relação com modelos estéticos como o ritmo da poesia, os padrões melódicos e as regras da cantoria, ao mesmo tempo em que o põe em diálogo com o outro cantador e com as demandas e reações da platéia. O improviso, portanto, não é apenas a criação poética, mas também o desenrolar de um jogo de interação dos poetas com os outros sujeitos na situação da cantoria. O elemento central da cantoria é a disputa entre dois cantadores, que se pauta em valores relativos à construção da masculinidade, e pela qual os poetas constroem sua imagem pessoal e seu prestígio. O caminho escolhido para a análise dessa arte é a antropologia da prática, buscando compreender a relação entre ação e estrutura, e a reprodução das formas da vida social por meio das práticas. Um ponto metodológico relevante na realização desta pesquisa foi o aprendizado da cantoria como estratégia etnográfica. Dessa maneira, são abordados o campo social da cantoria, a diferenciação e a reciprocidade entre cantadores, a formação do cantador, as habilidades do improviso poético e o ritual da disputa entre cantadores.

[EN] This study concerns the singing called repente or cantoria, a modality of improvised sung poetry, practiced in the Northeast region of Brazil, especially in the states of Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte and Ceará. Its practitioners are called repentistas, cantadores or violeiros, and they always sing in duets, alternating in the composition of strophes according to strict parameters of meter, rhyme and thematic coherence. There is a set of rules formulated for this purpose, but the repentistas improvise their verses on a practical basis, such as the poetic rhythm incorporated. The improvisation places the repentista in relation to aesthetic models, such as the rhythm of the poetry, the melodic patterns and the singing rules, at the same time it puts him into a dialogue with the other singer and with the expectations and reactions of the audience. The improvisation, therefore, is not only the poetic creation, but also the unfolding of a game of interaction between the poets and the other participants in the singing situation. The central element of the singing is the dueling between two singers, based on values regarding the construction of masculinity, and on which the poets build their personal images and prestige. The path chosen for analysis of this art is the anthropology of the practice, seeking to understand the relation between action and structure, and the reproduction of the forms of social life by means of the practices. The significant methodological point in the carrying out of this research was the learning of the singing as an ethnographic strategy. Thus, it deals with the social field of the singing, the differentiation and reciprocity among singers, the personal development of the singer, the skills of poetic improvisation and the ritual of the dueling between the singers.
INTRODUÇÃO, 1
Capítulo 1 O REPENTISTA E SUAS HABILIDADES, 22
I.Modelos poéticos / Modelos de ação, 22
II.Voz e viola: a música da cantoria, 34
a.Toada, 35
b.Baião-de-viola, 36
III.Habilidades do improviso, 40
a.Ritmo e poesia, 40
b.Imagens poéticas, 52
c.Outras habilidades e recursos de apresentação, 55
d.Método de composição, 61
IV.Improviso, 63
V.O repente e o cantador, 66

Capítulo 2 TORNAR-SE POETA,69
I.Como as crianças chegam à cantoria / Como a cantoria chega às crianças, 71
II.Aprendizado, 78
a.Fundamentos poéticos, 79
b.O etnógrafo aprendiz, 87
c.Brincadeiras e desafios, 93
VI.Sobre o dom, 96
VII.Abraçando a profissão, 99

Capítulo 3 A PROFISSÃO DA VIOLA, 102
I.Cantadores, 107
II.Status, conhecimento e discriminação, 109
III.Público, 113
IV.Pé-de-parede: profissionalização e controle das variáveis do ofício (tempo, dinheiro, imagem), 115
a.Poetas e promoventes: avisos, convites e viagens, 115
b.Dinheiro, comportamento, tempo e profissão, 117
V.Feira, 121
VI.Mídias, cidades e outras adaptações, 125
a.Ares, ondas, antenas e plugs, 125
b.Gravações comerciais, 127
c.Urbanização, 129
d.Revés da urbanização: a praia e o cantar de mesa em mesa, 131
VII.Congressos e festivais, 133

Capítulo 4 REMUNERAÇÃO, ALIANÇAS E INTRIGAS: AS RECIPROCIDADES NO CAMPO DA CANTORIA,137
I.Alianças, 137
II.Prosas e cantigas de escárnio e maldizer:a dinâmica das relações profissionais por meio das intrigas, 143
a.Intrigas, 144
b.Prosas, 148
c.Cantigas, 151

Capítulo 5 POESIA E DISPUTA, 156
I.A disputa no ritual da cantoria, 156
II.Festivais, 164
III.Masculinidade nos versos, 168
IV.Homem vs. mulher: gênero e disputa, 175
V.Disputa e conhecimento, 180
a.Violência e disputa poética, 180
b.O conhecimento na disputa poética hoje em dia, 185
CONCLUSÃO, 196
INFORMANTES CITADOS, 203
BIBLIOGRAFIA,206
ANEXOI ALGUNS ESTILOS DE CANTORIA, 212
ANEXOII CD DE ÁUDIO, 214
Índice de faixas do CD,214